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A LacanoRio teve a participação de psicanalistas de diversos países, principalmente da América do Sul. Do Brasil, compareceram psicanalistas cariocas, como da Práxis Lacaniana / Formação em Escola, Laço Analítico Escola de Psicanálise e Escola Lacaniana de Psicanálise; de Porto Alegre, como da APPOA; da Bahia, como do Colégio de Psicanálise da Bahia, do Espírito Santo, como a Escola Lacaniana de Psicanálise de Vitória; de Santa Catarina, como da Maiêutica Florianópolis – Instituição Psicanalítica. Compareceram também psicanalistas da Argentina, como da Escuela Freudiana de Buenos Aires, da Escuela Freudiana de la Argentina, e também do Uruguai, do México, da Austrália, entre outros.
Tive a alegria de participar naquele ano da minha primeira Lacanoamericana e de contribuir com o trabalho Uma recusa em acreditar na realidade ética na paranoia. Neste, eu quis argumentar que há uma ética na estrutura da paranoia, que se manifesta pela recusa em acreditar no Outro e de produzir formações delirantes a partir desta posição, que, muitas vezes é franca. Referi-me ao conhecido caso Schreber.
Lembro-me que minha apresentação se seguiu de um debate muito interessante, particularmente sobre a incidência da religiosidade no trabalho com a psicose em saúde mental, o que não pode ser eludido da prática, tanto porque a relação com Deus está implicada na psicose, quanto também nas neuroses, como se pode ver pela presença grande de profissionais de saúde evangélicos com os quais psicólogos (alguns deles, também religiosos e evangélicos) precisam lidar como parte da realidade cotidiana.
Isso é cada vez mais válido, especificamente no Estado do Rio de Janeiro, em que psicologia e carisma pastoral se misturam e se apoiam cada vez mais em alguns lugares, chegando até dificultar ações que sejam baseadas na escuta. Ou seja, algumas vezes, a relação do profissional com Deus põe em risco a sobrevivência da relação de outros – neuróticos e, principalmente psicóticos – com o Outro.
Por outro lado, algumas vezes, a psicose permite testemunhar a insistência sustentar uma relação com o Outro, às vezes encarnada na figura de Deus, por pior que esse Deus possa ser para ele, e por mais difícil que essa situação seja para o sujeito. É isso que me parece o testemunho ético que a paranoia pode nos fornecer.
O debate me lembrou também, a propósito da pergunta de uma colega da Práxis Lacaniana, que para alguns psicóticos, a relação com Deus pode ser suficiente para apaziguar um grande sofrimento. Certa vez, escutei de um psicótico que ouvir palavras bonitas de Deus lhe trouxe tranquilidade e paz.
A próxima Reunião Lacanoamericana está marcada para o segundo semestre deste ano. Está programada para acontecer em Recife – PE, se houver vacina.
Os Anais estão disponibilizados no site da LacanoRio (www.lacanorio2017.com.br) e podem ser acessados e baixados através do link: http://www.lacanorio2017.com.br/Anais_LacanoRio2017.pdf
Forte abraço,
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