Repetir não é reencontrar a mesma coisa

Repetir não é reencontrar a mesma coisa

Tempo de leitura: 2 minutos

Repetir não é reencontrar a mesma coisa

Por John Walton

A repetição é um fenômeno, ou melhor, uma operação muito importante que ocorre na análise. Sua importância se deve a ela ser um dos modos de apresentação, ou melhor, de atualização do inconsciente.

Durante o tempo de análise, o analisante apresenta repetições: de queixas, de demandas, de sintomas, lembranças, afetos, e fragmentos da vida cotidiana, principalmente os que causam sofrimento e mal-estar.

No entanto, repetição não é reprodução fiel de algo que teria se passado ou que vem se passando nas condutas do sujeito na vida cotidiana. Repetição não é retorno do mesmo. Lacan afirma que “repetir não é reencontrar a mesma coisa (…) não é forçosamente repetir indefinidamente” (1).

Assista sobre esse assunto no vídeo a seguir:

A cada vez que a repetição comparece em análise, a cada vez que lembranças da infância, da juventude, de um ou outro aspecto do sintoma (nos quais as lembranças estão implicadas), de significantes que reaparecem nos relatos de diferentes sonhos, não se reencontra a mesma coisa. Pois a cada vez que a repetição – de uma lembrança, de um significante, de um comentário, de uma percepção importante para o sujeito – se reapresenta, o elemento que se repete está ligado ou conectado a significantes, sempre num contexto diferente do que foi falado anteriormente na análise, seja na mesma sessão ou em sessões anteriores.

A repetição é um acontecimento muito importante porque dá oportunidade, a partir das marcações e pontuações do psicanalista, de o sujeito verificar tanto as repetições (através das quais o inconsciente do analisante se reapresenta) quanto as diferenças em jogo a cada vez. À medida em que esse trabalho avança, o sujeito pode vir a prescindir de repetir situações, condutas, coisas que causem mal-estar e sofrimento na vida.

A repetição rompe com o universo e com a eternidade totalizantes e aprisionadoras  da experiência do sujeito.

 

Referências

(1) LACAN, Jacques (1966-1967). A lógica do fantasma, seminário 1966-1967. Centro de Estudos Freudianos do Recife. Recife, outubro de 2008. p. 11.

 

 

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